O governo do presidente Javier Milei oficializou nesta sexta-feira o retorno da Argentina ao mercado internacional de dívida, iniciativa que não ocorria desde 2018. A operação consiste na emissão de um título em dólares com prazo de quatro anos e juros de 6,5%, segundo informou o ministro da Economia, Luis Caputo. A medida marca a reabertura do país aos investidores estrangeiros em meio a um cenário de fortes necessidades de financiamento.
O anúncio foi celebrado por Milei em mensagem publicada no X, na qual afirmou que o país está novamente ativo no mercado de capitais. A emissão ocorre enquanto a administração negocia com bancos um empréstimo estimado em US$ 7 bilhões, valor destinado a reforçar o caixa e lidar com compromissos imediatos. Em janeiro, a Argentina terá de enfrentar pagamentos superiores a US$ 4 bilhões, o que pressiona ainda mais o planejamento fiscal.
Caputo afirmou, em entrevista ao canal A24, que o retorno ao mercado global representa um passo crucial para facilitar o acúmulo de reservas internacionais — exigência do Fundo Monetário Internacional para o acordo firmado com o país. O ministro explicou que a falta de acesso ao crédito obrigou o governo a quitar dívidas com recursos próprios, dificultando a recomposição das reservas ao longo dos últimos anos.
Segundo comunicado oficial do Ministério da Economia, os recursos obtidos no leilão serão usados para cancelar parte de um vencimento previsto para 9 de janeiro. O novo título terá vencimento em novembro de 2029, ampliando o horizonte de pagamento em comparação com as necessidades mais imediatas. Caputo lembrou que a última emissão semelhante foi registrada em janeiro de 2018, período anterior à crise que afastou a Argentina do mercado internacional.
A medida integra a estratégia do governo Milei de restaurar a credibilidade financeira do país e estabilizar as contas públicas, em um contexto de pressões inflacionárias persistentes e desafios fiscais profundos.
