Um enviado do governo dos Estados Unidos afirmou que um acordo para encerrar a guerra na Ucrânia está “muito próximo”, embora ainda dependa da solução de dois pontos considerados críticos. A declaração ocorre enquanto Moscou sustenta que só aceitará avançar nas negociações se Washington fizer alterações significativas em suas propostas.
Donald Trump, que busca construir a imagem de presidente “pacificador”, considera o fim do conflito seu principal objetivo de política externa. A guerra — iniciada com a invasão russa em fevereiro de 2022 — tornou-se o confronto mais mortal da Europa desde a Segunda Guerra Mundial, após anos de tensão e combates em Donbas, região composta por Donetsk e Luhansk.
As afirmações vieram de Keith Kellogg, enviado especial dos EUA para a Ucrânia, que deve deixar o cargo em janeiro. Ele declarou no Fórum de Defesa Nacional Reagan que as negociações caminham para sua fase final, descrevendo o momento como os “últimos 10 metros” — etapa que, segundo ele, costuma ser a mais difícil em processos de paz.
Dois impasses principais
Kellogg apontou duas questões centrais ainda pendentes: o futuro territorial de Donbas e o controle da usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, atualmente dominada pela Rússia.
“Se conseguirmos resolver essas duas questões, o restante se encaixa. Estamos quase lá. Muito, muito perto”, afirmou durante o evento na Biblioteca e Museu Presidencial Ronald Reagan, na Califórnia.
A discussão sobre esses temas ganhou força após o presidente russo Vladimir Putin receber no Kremlin o enviado de Trump, Steve Witkoff, e o genro do presidente norte-americano, Jared Kushner, em uma reunião de quatro horas. Depois do encontro, Yuri Ushakov, principal conselheiro de política externa de Putin, confirmou que “questões territoriais” estiveram no centro das conversas — uma referência às reivindicações russas sobre Donbas.
Apesar disso, a Ucrânia mantém controle sobre cerca de 5 mil km² da região, reconhecida internacionalmente como parte de seu território. O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy reafirmou que entregar o restante de Donetsk sem um referendo seria ilegal e deixaria o país vulnerável a novos avanços russos.
Moscou cobra mudanças “radicais”
A imprensa russa divulgou neste domingo (7) que, segundo Ushakov, os Estados Unidos precisariam realizar “mudanças sérias e radicais” em seus documentos sobre a Ucrânia. Ele não especificou quais seriam essas alterações.
Zelenskiy afirmou no sábado ter tido uma conversa “longa e substancial” com Witkoff e Kushner. O Kremlin, por sua vez, disse esperar que Kushner esteja desempenhando papel central na elaboração de um possível acordo.
Apesar dos sinais de avanço, a definição sobre Donbas e Zaporizhzhia continua sendo o principal impasse que impede o fim da guerra.
Fonte: Agencia Brasil
