IBM faz aposta bilionária em IA e adquire a Confluent por US$ 9,3 bilhões

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Em um movimento que reforça sua estratégia de reposicionamento global, a IBM anunciou a compra da Confluent, plataforma especializada em fluxo de dados em tempo real, por cerca de US$ 9,3 bilhões. A aquisição, uma das maiores já realizadas pela empresa desde a compra da Red Hat em 2019, evidencia como a corrida por infraestrutura orientada a dados se tornou crucial para escalar soluções de inteligência artificial.

Pelo acordo, a IBM pagará US$ 31 por ação, elevando o valor total da transação — incluindo dívidas — para US$ 11 bilhões. As companhias esperam concluir o negócio até meados de 2026. Caso a operação seja interrompida, a Confluent receberá uma taxa de US$ 453,6 milhões, conforme documento regulatório anexado ao anúncio.

Segundo analistas da Bloomberg Intelligence, a compra “poderia melhorar significativamente o portfólio de IA da IBM e, subsequentemente, o crescimento das vendas de sua unidade de software”, indicando que a transação fortalece não só a oferta da empresa, mas também sua competitividade no novo ciclo tecnológico impulsionado pela IA generativa.

A compra provocou reação imediata no mercado: as ações da Confluent chegaram a subir 29%, enquanto os papéis da IBM avançaram até 2,4% após a abertura em Nova York.

A aposta nos dados em tempo real

O interesse da IBM na Confluent está diretamente ligado à evolução das aplicações de IA, que hoje exigem fluxos contínuos de dados para funcionar com precisão e velocidade. É nesse ponto que a Confluent se destaca: sua plataforma permite que empresas coletem, transmitam e analisem dados em tempo real, um recurso que já vem sendo usado por gigantes como Michelin e Instacart.

A Michelin utiliza o sistema para otimizar estoques de insumos de forma dinâmica, enquanto a Instacart adotou a tecnologia para aprimorar a detecção de fraudes e monitorar a disponibilidade de produtos na plataforma. O avanço de soluções como essas tem impulsionado a demanda por infraestrutura capaz de alimentar modelos de IA com informações atualizadas segundo a segundo.

IBM acelera sua transformação

Pioneira em mainframes, a IBM tem reorientado sua operação nos últimos anos para colocar a inteligência artificial no centro dos negócios. Sob a liderança de Arvind Krishna, a empresa intensificou aquisições de software e ampliou sua participação em serviços especializados em IA para o setor corporativo.

Hoje, o software representa quase metade da receita total da companhia — e continua crescendo. A compra da Confluent amplia esse portfólio e se encaixa em uma estratégia construída ao longo de uma parceria de cinco anos entre as empresas, que já permitia a clientes da IBM integrar o streaming de dados da Confluent aos seus sistemas.

Um mercado em ebulição

O setor de tecnologia atravessa um dos períodos de maior movimentação das últimas décadas. A demanda global por capacidade de computação e infraestrutura para IA resultou em megatransações, como os US$ 40 bilhões investidos pela BlackRock na Aligned Data Centers e o acordo da Oracle para fornecer até 4,5 GW de capacidade computacional à OpenAI, avaliado em até US$ 300 bilhões.

Mesmo nesse cenário de gigantes, a aquisição da Confluent se destaca por atacar um ponto vital: a base de dados em tempo real, sem a qual a nova geração de IA simplesmente não funciona.

Fundada em 2014 por ex-integrantes do LinkedIn, incluindo o atual CEO Jay Kreps, a Confluent enfrentou forte oscilação no mercado desde seu IPO em 2021. Mas sua relevância tecnológica, agora potencializada pela IBM, reforça que o futuro da IA será moldado pela velocidade com que os dados fluem — e por quem for capaz de controlá-la.

Fonte: Bloomberg Línea