Macron afirma que acordo entre União Europeia e Mercosul não pode ser assinado

Foto Reprodução Instagram

O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou nesta quinta-feira (18), em Bruxelas, que o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul não pode ser assinado nas condições atuais. Segundo ele, a França não apoiará o pacto sem a inclusão de novas salvaguardas para proteger seus agricultores.

Antes de uma reunião de cúpula da União Europeia, Macron declarou que o governo francês considera que “as contas não fecham” e reforçou que essa posição reflete, desde o início das negociações, a preocupação expressa pelo setor agrícola do país. O presidente também antecipou que a França fará oposição a qualquer tentativa de acelerar ou forçar a adoção do acordo com o bloco sul-americano.

Entre agricultores franceses, o pacto é visto majoritariamente como uma ameaça. O principal argumento é que produtores da América Latina estariam sujeitos a regras ambientais menos rigorosas, o que poderia gerar concorrência desleal com os produtos europeus. Embora a França tenha obtido garantias da Comissão Europeia para a criação de salvaguardas em setores considerados mais vulneráveis, representantes do setor agrícola afirmam que essas medidas ainda são insuficientes.

Na última terça-feira (16), o Parlamento Europeu aprovou um conjunto de mecanismos de proteção voltados ao monitoramento do impacto do acordo em produtos sensíveis, como carne bovina, aves e açúcar. As medidas preveem a possibilidade de aplicação de tarifas caso haja desestabilização do mercado europeu.

De acordo com os critérios aprovados, a Comissão Europeia poderá intervir se o preço de um produto importado da América Latina for ao menos 5% inferior ao praticado na União Europeia e se o volume de importações isentas de tarifas aumentar mais de 5%.

Apesar dessas salvaguardas, o governo francês mantém sua posição contrária e solicitou o adiamento da assinatura do acordo, que a União Europeia pretende concluir no sábado (20), durante evento previsto no Brasil.

O cenário político segue indefinido. A Itália, que apresentou posições contraditórias nos últimos meses, pode desempenhar papel decisivo. Caso se alinhe à França, os dois países, junto com Polônia e Hungria, formariam uma maioria qualificada suficiente para bloquear o avanço do acordo entre a UE e o Mercosul.

Fonte: Globo