Nastácia Schacht: a mente criativa por trás da Charth e sua jornada do serviço público à moda autoral

Nastácia Schacht - Crédito Gabriel Correia
Nastácia Schacht – Crédito Gabriel Correia

Criatividade, autenticidade e coragem para seguir o coração são elementos que definem a trajetória de Nastácia Schacht. Antes de fundar a Charth, a empreendedora e diretora criativa trilhou um caminho inesperado, passando pelo Tribunal de Contas do Estado até decidir se dedicar integralmente à sua marca. Sua jornada no universo da moda aconteceu de forma orgânica, impulsionada por sua visão única e pela vontade de criar algo que fosse, ao mesmo tempo, inovador e atemporal.

Nesta entrevista para a Revista Poder, Nastácia compartilha os desafios e aprendizados de sua carreira, seu processo criativo e a relação pessoal que tem com o DNA da Charth.

Houve algum momento específico que fez você decidir que era a hora certa para empreender?

Acredito que o que chamamos de “hora certa” é quando o coração traça um caminho e, mesmo com medo, você encara a mudança e segue em frente. Foi exatamente isso o que aconteceu comigo em um momento específico, quando ainda trabalhava no Tribunal de Contas do Estado. Durante uma ligação com meu pai, ele me encorajou a seguir em frente com a decisão de deixar tudo para trás e me dedicar exclusivamente à Charth. Lembro claramente quando ele disse: “Siga seu coração, mas esteja preparada para assumir as consequências.” Esse foi o momento certo!

Empreender no segmento de moda sempre foi um sonho para você ou essa vontade foi crescendo com o tempo?

Sempre tive uma paixão por empreender, mas nunca imaginei ou planejei estar exatamente onde estou hoje. Tudo aconteceu de maneira muito natural e espontânea e, sem dúvida, foi se desenvolvendo de forma gradual ao longo do tempo.

Quais são os maiores desafios que você enfrenta como diretora criativa? E como empreendedora?

Como diretora criativa, alguns dos maiores desafios que enfrento incluem a constante pressão para inovar sem perder a essência, criando algo novo e autêntico que atenda às expectativas comerciais. Além disso, há a gestão de tempo, que abrange desde prazos apertados no desenvolvimento até a entrega dos fornecedores. O processo criativo pode ser imprevisível, e os ajustes, somados à exigência de uma peça piloto perfeita, demandam habilidades de adaptação para lidar com mudanças de direção.

Como empreendedora, os desafios aumentam. Entre eles, estão a gestão de equipe e de um negócio que exige múltiplas habilidades, como estratégias de marketing e a manutenção de um ambiente de trabalho produtivo e motivado. Soma-se a isso a necessidade constante de tomar decisões rápidas e estratégicas — muitas vezes com informações limitadas — e conciliar essas responsabilidades com o lado criativo, mantendo a inovação.

Qual é o seu processo criativo para desenvolver as coleções e o mood para os desfiles?

Sei que estou no caminho certo para o conceito ou a atmosfera de uma coleção quando sinto a pele arrepiar. Esse momento aparece de forma inesperada, quando, a partir de diferentes fontes — como arte, arquitetura, literatura, música, viagens ou até mesmo experiências pessoais — encontramos uma conexão. O desfile, então, surge como uma extensão disso: um espaço onde contamos essa história e damos forma à personificação da ideia ou emoção que queremos transmitir.

Como o DNA da Charth se alinha ao seu lifestyle? Acredita que a marca é uma extensão do seu estilo pessoal?

Costumo dizer que a Charth é uma extensão de mim mesma, é onde minha alma encontra repouso. Sem dúvida, o DNA da Charth reflete muito do meu próprio estilo de vida. A marca foi construída com base em valores que ressoam profundamente comigo, como a versatilidade e a conexão genuína com o atemporal. Acredito que, de certa forma, a Charth é uma expressão do meu estilo pessoal, pois carrega minha visão e minhas influências de maneira fiel à minha essência.

Quando crio para a marca, não me concentro apenas no design ou na estética, mas também em como cada peça se encaixa no cotidiano de quem compartilha essa mesma filosofia de vida. Para mim, a marca é uma maneira de traduzir esse lifestyle único em algo palpável, que faz sentido não apenas para mim, mas para todos que se conectam com esses valores.

Por isso, sempre gostei de ser modelo de prova da marca. Gosto de vivenciar a sensação que cada peça transmite. Se eu não me apaixono por um produto, não sigo adiante com ele. Afinal, como a maior fã da Charth, se um item não me encanta, como poderia cativar ou encantar meus clientes?