Documentos conectam ex-assessores a associações que teriam lucrado milhões com aposentados
Líderes governistas intensificaram nesta semana a montagem de um dossiê detalhado que busca apontar a responsabilidade de integrantes do governo Bolsonaro em um esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O documento reúne dados, organogramas e evidências que reforçam a hipótese de que assessores da Previdência facilitaram a atuação de associações suspeitas de aplicar descontos indevidos em aposentadorias e pensões.
Associações sob suspeita
Entre os principais alvos está a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec). Em 2021, ela firmou um acordo com o INSS tendo apenas três filiados. Poucos meses depois, saltou para mais de 600 mil associados, movimentando cerca de R$ 30 milhões por mês. A entidade nega qualquer irregularidade, mas já figura entre as investigadas pela Polícia Federal.
A origem das ligações
Segundo o material obtido por técnicos ligados ao governo, o crescimento dessas entidades ocorreu após o governo Bolsonaro suspender a obrigatoriedade de validação dos descontos. Essa checagem, que deveria ser feita pelo próprio INSS, ficou adiada para o ano seguinte. Na prática, o sistema ficou vulnerável e facilitou as fraudes.
Lobista no centro do esquema
No centro do organograma montado pelos investigadores está Antonio Carlos Camilo Antunes, apelidado de “careca do INSS”. Segundo os documentos, ele teria atuado como intermediador entre as associações e o INSS ainda durante a antiga gestão. Durante uma operação recente, a Polícia Federal encontrou um caderno com possíveis registros de repasses ilegais no escritório do lobista.
Estratégia política em jogo
O material deve ser usado caso avance a criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o caso. O governo Lula, no entanto, tenta desmobilizar a instalação da comissão, retirando assinaturas de parlamentares que apoiaram o pedido inicial. Se a tentativa falhar, o Planalto já prepara sua defesa pública com base no dossiê.
Reações da oposição
Aliados do ex-presidente Bolsonaro negam qualquer irregularidade. Eles afirmam que a suspensão da validação dos descontos teve apoio de partidos de esquerda, como PDT e PSB, durante a votação da MP 871, em 2019. A medida prometia combater fraudes previdenciárias, mas agora aparece no centro de novas acusações.