Selic sobe a 14,75%, o maior nível desde 2006

Selic sobe a 14,75%, o maior nível desde 2006
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (7), aumentar a taxa básica de juros de 14,25% para 14,75% ao ano. O reajuste de 0,5 ponto percentual coloca a Selic no patamar mais alto dos últimos 19 anos. A medida teve apoio unânime de todos os membros do comitê, inclusive do presidente do BC, Gabriel Galípolo.

Essa nova elevação indica que a instituição segue determinada a conter as pressões inflacionárias, mesmo diante dos riscos de uma desaceleração econômica mais intensa.

Por que o Banco Central subiu a taxa

Segundo o comunicado oficial do Copom, a decisão foi influenciada por fatores internos e externos. O ambiente econômico global ainda carrega incertezas. A política econômica dos Estados Unidos, especialmente os reflexos da guerra comercial iniciada no governo de Donald Trump, afeta o desempenho de diversas economias — inclusive a brasileira.

No cenário doméstico, o Banco Central aponta a resiliência da atividade econômica, o mercado de trabalho aquecido e o alto nível de gastos públicos como fatores que mantêm a inflação elevada.

Efeitos diretos sobre a economia

A elevação da Selic tende a gerar impactos em várias frentes:

  • Crédito mais caro: Os juros bancários tendem a subir. Isso reduz o consumo das famílias e o apetite por crédito das empresas.

  • Investimentos em baixa: O setor produtivo pode adiar projetos por causa do custo elevado do financiamento.

  • Crescimento comprometido: A economia, que já mostra sinais de desaceleração, pode encolher ainda mais nos próximos trimestres.

  • Dívida pública pressionada: Com juros mais altos, o governo gasta mais para pagar os encargos da dívida. Isso afeta o equilíbrio das contas públicas.

  • Renda fixa valorizada: Investidores em Tesouro Direto e outros papéis de renda fixa tendem a se beneficiar do novo cenário.

Inflação ainda é o foco

Mesmo com todos os riscos, o BC acredita que a inflação futura precisa ser domada agora. A instituição atua com base em projeções. Ou seja, as decisões tomadas hoje buscam influenciar os preços de amanhã. As mudanças na Selic costumam levar de seis a dezoito meses para surtirem efeito total na economia.

A meta atual é de 3% ao ano, com tolerância entre 1,5% e 4,5%. No entanto, as projeções para os próximos anos ainda estão acima desse teto, com 5,53% para 2025 e 4,51% para 2026.