Brasil tenta evitar tarifaço de Trump com negociação direta entre Lula e EUA

Foto: ChatGPT
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Exportadores brasileiros podem ser atingidos já na sexta-feira (1º)

O governo brasileiro intensificou os esforços diplomáticos para reverter a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil. A medida entra em vigor na próxima sexta-feira (1º), segundo confirmação oficial do secretário de Comércio norte-americano, Howard Lutnick, no domingo (27).

Haddad vê espaço para negociação

Na manhã desta terça-feira (29), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que há sinais positivos vindos de Washington. Segundo ele, autoridades americanas demonstram disposição para negociar.

“O Brasil nunca abandonou mesa de negociação. Eu acredito que, nesta semana, já há algum sinal de interesse em conversar. E há uma maior sensibilidade de algumas autoridades dos Estados Unidos de que, talvez, tenha se passado um pouquinho e, que, queiram conversar. Alguns empresários estão fazendo chegar ao nosso conhecimento de que estão encontrando maior abertura lá”.

Plano de contingência já está pronto

Apesar da possível reabertura do diálogo, o ministro afirmou que o governo brasileiro já elaborou um plano emergencial. A intenção é mitigar os impactos da tarifa para empresas e trabalhadores brasileiros.

“Estamos muito confiantes que preparamos um trabalho que vai permitir ao Brasil superar esse momento. O evento externo não foi criado por nós, mas o Brasil vai estar preparado para cuidar das suas empresas, dos seus trabalhadores, e ao mesmo tempo se manter permanentemente na mesa de negociação buscando racionalidade, buscando respeito mútuo”.

Proteção ao emprego está em análise

O governo também estuda medidas adicionais para proteger o mercado de trabalho. Haddad foi questionado sobre a possibilidade de reeditar programas similares aos adotados durante a pandemia, como o pagamento de salários com contrapartida de manutenção de empregos.

“Dentre os vários cenários, há lei que estabelece esse tipo de… [programa]. Mas não sei qual o cenário que o presidente vai optar, por isso que eu não posso adiantar as medidas que vão ser adotadas por ele. Como são vários cenários, todo tipo de medida cabe em algum deles. Mas quem vai decidir a escala, o montante, a oportunidade, a conveniência e a data é o presidente [Lula]”.

Sobretaxa ameaça milhares de empresas brasileiras

De acordo com a Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), aproximadamente 10 mil empresas brasileiras podem ser diretamente afetadas. Juntas, essas companhias empregam cerca de 3,2 milhões de trabalhadores.

Tarifas têm motivação política, afirma Trump

A sobretaxa foi formalmente anunciada por Trump em uma carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em terça-feira (09). O ex-presidente norte-americano alegou motivos comerciais e políticos para justificar a medida.

Em terça-feira (23), Trump voltou a comentar o assunto. Disse que aplicaria tarifas a países cujo relacionamento com os EUA “não tem sido bom”. Embora não tenha citado o Brasil diretamente, a declaração reforçou a leitura de que o país está entre os alvos.

Prazo pode mudar, diz ministro da Fazenda

Apesar do anúncio oficial sobre a data de início da tarifa, Haddad acredita que o cronograma pode ser alterado.

“Eu não sei se vai dar tempo até o dia 1º [de concluir as negociações]. Mas o que importa não é essa data. Não é uma data fatídica. É uma data que pode ser alterada por eles, pode entrar em vigor e nós nos sentarmos e rapidamente concluirmos uma negociação. Mas está ficando mais claro agora os pontos de vista do Brasil em relação a alguns temas, que não eram de fácil compreensão por parte deles”.

Conversa entre Lula e Trump está em preparação

O ministro também comentou a possibilidade de um diálogo direto entre os presidentes dos dois países. Segundo Haddad, o contato entre Lula e Trump está sendo preparado com cautela pelas equipes diplomáticas.

“É papel nosso, dos ministros, azeitar os canais, para que a conversa, quando ocorrer, seja mais dignificante e edificante possível. Não seja uma coisa, como aconteceu, vocês presenciaram várias conversas que não foram respeitosas. Tem de haver uma preparação antes para que seja uma coisa respeitosa, para que os dois povos se sintam valorizados à mesa de negociação. Não haja um sentimento de vira-latismo, de subordinação. Preparar isso é respeito ao povo brasileiro”.