Lula pede cautela em embate com EUA e afirma: “Temos limite de briga”

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Tensão diplomática em alta

No encerramento do evento nacional do PT, realizado em Brasília neste domingo (03), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou sobre a recente crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos. A origem do conflito está na decisão do ex-presidente Donald Trump, que voltou à Casa Branca, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Além disso, a Casa Branca anunciou sanções contra o ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky, mecanismo legal usado para punir estrangeiros acusados de violações de direitos humanos.

Postura diplomática equilibrada

Ao falar sobre a resposta do governo brasileiro, Lula destacou que a atuação diplomática exige equilíbrio e cautela. “O governo tem que fazer aquilo que ele tem que fazer. Por exemplo, nessa briga que a gente está fazendo agora, com a taxação dos Estados Unidos, eu tenho um limite de briga com o governo americano. Eu não posso falar tudo que eu acho que eu devo falar, eu tenho que falar o que é possível falar, porque eu acho que nós temos que falar aquilo que é necessário” — afirmou o presidente.

Segundo Lula, ele não pode expressar tudo o que pensa publicamente. “A diplomacia não permite que eu fale tudo o que acho que devo que falar, e sim o que é possível falar”, completou. A fala foi uma resposta às críticas que ele tem recebido por suas declarações duras contra Trump.

Defesa da soberania incomoda, diz Lula

Lula reforçou ainda que a firmeza do Brasil na defesa da própria soberania incomoda potências internacionais. “O que nós queremos, nós estamos trabalhando, nós vamos ajudar as nossas empresas, nós vamos defender os nossos trabalhadores e vamos dizer o seguinte, quando quiser negociar, as propostas estão na mesa. Aliás, já foram apresentadas propostas pelo Alckmin e pelo Mauro Vieira. Então é simplesmente isso. Eu vou continuar daquele mesmo jeito”, disse o presidente.

Segundo Lula, o Brasil busca resolver os conflitos com diálogo, mas não aceitará intimidações. “Nós não queremos confusão. Então, quem quiser confusão conosco, pode saber que nós não queremos brigar. Agora não pensem que nós temos medo. Não pensem”.

Canais diplomáticos continuam abertos

Embora os dois líderes ainda não tenham conversado desde o anúncio da sobretaxa, Lula afirmou que está disposto a negociar. Na última sexta-feira (01), Trump declarou que o presidente brasileiro “pode ligar quando quiser”. Horas depois, Lula respondeu afirmando que seu governo “sempre esteve aberto ao diálogo”.

O petista ressaltou que a condução da política externa segue os princípios da igualdade e do respeito. Citou, inclusive, a frase do cantor Chico Buarque para resumir essa postura: “Eu gosto do PT, porque ele não fala fino com os Estados Unidos, e não fala grosso com a Bolívia. A gente fala em igualdade de condições com os dois. Essa que é a lógica da política”.

Nova presidência do PT e apoio à reeleição

O evento do PT também marcou a posse do novo presidente do partido, Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara (SP). Ele foi eleito em julho e assume o comando da legenda pelos próximos quatro anos. Durante a cerimônia, recebeu o apoio de Lula e reforçou seu compromisso com a linha política do partido.

Edinho defendeu a reeleição de Lula e criticou a influência americana sobre os rumos políticos da América Latina. “Reeleger Lula significa reafirmar o nosso projeto de país, um Brasil que seja forte, que tenha uma pequena propriedade organizada e protegida […] também o projeto da soberania nacional, não somos e não queremos ser um puxadinho dos Estados Unidos. Não queremos ser quintal dos Estados. Queremos ser um país soberano”, declarou.