
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na quarta-feira (06), que pretende articular uma reação conjunta dos países que integram o Brics diante das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos. Em entrevista à agência Reuters, Lula declarou que deve entrar em contato com os líderes da China e da Índia para discutir os impactos das medidas em cada país.
“Vou tentar fazer uma discussão com eles sobre como cada um está dentro da situação, qual é a implicação que tem em cada país, para a gente poder tomar uma decisão”, afirmou. Lula também destacou que o Brics conta com dez países dentro do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo.
Tarifas afetam Brasil e Índia simultaneamente
Na mesma quarta-feira (06), passaram a valer as tarifas de 50% impostas pelo governo dos Estados Unidos sobre parte das exportações brasileiras. No mesmo dia, o presidente norte-americano Donald Trump publicou um novo decreto, impondo uma tarifa adicional de 25% sobre produtos vindos da Índia. O motivo alegado foi a compra direta ou indireta de petróleo russo pelo governo indiano.
A decisão norte-americana provocou reações em diversas frentes. Lula informou que o governo brasileiro dará prioridade à abertura de novos mercados para os produtos nacionais. Segundo ele, o objetivo é proteger as empresas afetadas e garantir a manutenção dos empregos no país.
Medida provisória com respostas está em elaboração
O presidente também revelou que o Ministério da Fazenda prepara uma medida provisória com as ações que o governo adotará como resposta ao aumento das tarifas. O texto deve ser encaminhado ainda nesta quarta-feira (06) ao Palácio do Planalto.
Por ora, o governo prefere manter o caminho do diálogo. Lula afirmou que está tentando negociar antes de tomar qualquer decisão mais dura contra os Estados Unidos. “Eu estou fazendo tudo isso [negociando] quando poderia anunciar uma taxação dos produtos americanos. Não vou fazer porque não quero ter o mesmo comportamento do presidente Trump. Eu quero mostrar que quando um não quer, dois não brigam, e eu não quero brigar com os Estados Unidos”.
Presidente vê falta de disposição para o diálogo por parte dos EUA
Durante a entrevista, Lula foi claro ao dizer que, até o momento, não existe abertura do governo norte-americano para conversas. “Eu não liguei porque ele não quer telefonema. Não tenho por que ligar para o presidente Trump, porque nas cartas que ele mandou e nas suas decisões ele não fala em nenhum momento em negociação, o que ele fala é em novas ameaças”.
Ainda assim, Lula reforçou que continuará tentando buscar uma saída diplomática. Segundo ele, a decisão dos EUA foi tomada de forma autoritária, sem diálogo prévio. “Não é assim que estamos acostumados a negociar”, afirmou.
Críticas à intromissão dos Estados Unidos
Lula também criticou duramente o que chamou de intromissão dos Estados Unidos nos assuntos internos do Brasil. Ele rejeitou a ideia de que o governo norte-americano possa ditar regras a um país soberano.
“Não é uma intromissão pequena, é o presidente da República dos Estados Unidos achando que pode ditar regras em um país soberano como o Brasil. Não é admissível que os Estados Unidos e nenhum país grande ou pequeno resolva dar um pitaco na nossa soberania”, afirmou o presidente.
Por fim, Lula ressaltou que o Brasil é governado pelo povo brasileiro. “Ele que cuide dos Estados Unidos, do Brasil, cuidamos nós. Só tem um dono esse país, e só um dono que manda no presidente da República, é o povo, o povo que elegeu, o povo que pode tirar”.