
Depois de um ano e meio de altas consecutivas, o preço do café moído registrou queda no Brasil. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (12), o item recuou 1,01% em julho, acompanhando a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu 0,26% no mês.
Desempenho no ano e impacto na inflação
Apesar da queda pontual, o café acumula alta de 41,46% em 2025 e de 70,51% nos últimos 12 meses. No período, foi o segundo item com maior peso no IPCA, respondendo por 0,30 ponto percentual da inflação total de 5,23%. Apenas as carnes, com alta de 23,34% e impacto de 0,54 p.p., ficaram à frente.
Queda ligada à safra e não ao tarifaço
De acordo com Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IBGE, a redução de preços em julho está relacionada à safra e ao aumento da oferta no campo, e não ao tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros — medida que só começou a valer em 6 de agosto.
“Já estava começando a colheita, o que elevou a oferta e reduziu a pressão sobre os preços”, explicou.
Efeitos esperados no mercado
O IBGE destaca que o aumento da produção tende a manter os preços em queda, especialmente se os produtores não conseguirem redirecionar as vendas para outros países diante do encarecimento para o mercado americano. Caso isso ocorra, a sobra de produto no mercado interno pode pressionar ainda mais para baixo o valor do café.
Fatores que impulsionaram a alta anterior
A Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) lembra que a valorização do produto nos últimos 18 meses foi influenciada por eventos climáticos que reduziram a produção e por um aumento expressivo da demanda global, puxada principalmente pelo crescimento do consumo na China.