
Por Jair Viana
Durante o ato em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-DF), neste domingo, 7, um grupo de manifestantes direcionou seu protesto para uma causa específica. Mulheres de direita, integrantes do mesmo espectro político do homenageado, levantaram cartazes e faixas contra o deputado estadual Lucas Bove (PL). Os panfletos distribuídos carregavam mensagens contundentes, como “Bove, respeite as mulheres”, marcando uma dissidência dentro do próprio campo ideológico durante o evento.
A motivação do protesto são as graves acusações de violência doméstica feitas pela ex-mulher do parlamentar, a influencer Cíntia Chagas. Ela relatou em redes sociais e em delegacia ter sido vítima de agressões físicas e psicológicas durante o relacionamento. Bove, que é membro do PL, mesmo partido de Bolsonaro, nega com veemência as acusações e afirma que vai comprovar judicialmente sua inocência perante os fatos que foram apresentados.
O caso coloca em evidência a complexidade de pautas conservadoras quando confrontadas com questões de conduta pessoal de suas lideranças. As manifestantes, ao se posicionarem publicamente, sinalizam uma demanda por coerência e integridade, exigindo que bandeiras em defesa da família sejam praticadas também no ambiente privado por aqueles que as representam publicamente.
Historicamente, denúncias de violência contra a mulher frequentemente enfrentaram barreiras para serem devidamente apuradas e levadas a sério, sendo tratadas como questão privada. A Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, foi um marco crucial ao reconhecer a gravidade específica desse tipo de violência e estabelecer mecanismos para coibi-la, além de promover uma mudança cultural para que tais crimes não permaneçam encobertos.
A mobilização de grupos políticos conservadores contra um de seus próprios representa um passo significativo nessa evolução. A ação demonstra que a defesa dos direitos das mulheres transcende divisões partidárias, pressionando por accountability mesmo dentro de suas fileiras e reforçando que a violência doméstica é uma questão inegociável de direitos humanos, e não de ideologia.