Arte, ancestralidade e tecnologia: Mostra 3M de Arte ocupa o Parque da Luz com grandes nomes da cena contemporânea

Instalação lapot’kaba, de Karola Braga, para 13ª Mostra 3M de Arte/ Créditos Karina Bacci

A Mostra 3M de Arte, organizada pela ELO3, retorna em sua 14ª edição e transforma o Parque da Luz, em São Paulo, em um espaço de encontro entre tradição, tecnologia e natureza. Criado por Soraya Galgane e Fernanda Del Guerra há mais de 20 anos, o projeto tem como propósito democratizar o acesso à arte e formar novos públicos. Com o tempo, a exposição se consolidou como uma das mais relevantes do calendário cultural, ocupando espaços públicos e conectando diferentes gerações à produção contemporânea.

Nesta edição, três trajetórias distintas, mas complementares, dão forma ao encontro entre arte e público: aqui, a história, a obra e a trajetória de Ayrson Heráclito, Leandro Lima e Luiz Zerbini se entrelaçam, ampliando o diálogo entre ancestralidade, tecnologia e natureza.

Ayrson Heráclito: ancestralidade e afrofuturismo

Ayrson Heráclito – Foto Divulgação

Professor, curador e artista visual, Ayrson Heráclito apresenta a instalação Juntó, composta por três esculturas de aço inox com dois metros de altura. A obra instiga as relações entre os orixás no contexto da ancestralidade afro-brasileira, reunindo também desenhos e poemas que representam as 222 combinações entre os 16 orixás. O trabalho funde espiritualidade e inovação, atravessado pelo afrofuturismo e pela complexidade simbólica dos terreiros.

Reconhecido internacionalmente — com participações na Bienal de Veneza e na Trienal de Luanda — Ayrson se consolidou como um dos principais nomes da arte afro-brasileira, sempre evidenciando as conexões entre o passado ancestral e os futuros possíveis.

Leandro Lima: tecnologia e pulsação da natureza

Leandro Lima – Foto Divulgação

Em Artéria, Leandro Lima, conhecido por sua produção em dupla com Gisela Motta, cria uma instalação luminosa que pulsa como um organismo vivo. A partir de uma estrutura metálica central, fitas de LED programáveis em tons de vermelho e azul se expandem em um diâmetro de até sete metros.

A obra evoca a manifestação da natureza enquanto reflete sobre o impacto da tecnologia na vida contemporânea. Reconhecido por explorar os limites entre arte, ciência e som, Lima tem trajetória consolidada em instituições no Brasil e no exterior, além de prêmios como o Sfer_IK Museion Award (2023).

Luiz Zerbini: contemplação e pausa no tempo

Luiz Zerbini – Foto Divulgação

Expoente da Geração 80 e referência da arte contemporânea brasileira, Luiz Zerbini apresenta a obra sensorial É proibido pisar na grama. O jeito é deitar e rolar. Instalada sob uma das maiores figueiras do Parque da Luz, a criação transforma o tempo em matéria-prima, convidando o público a desacelerar por meio de uma experiência de descanso e reflexão.

Parte do terreno será coberta de areia, com bancos de madeira e objetos pessoais do artista, em um espaço que mescla arte, natureza e memória. Conhecido por suas pinturas vibrantes e paisagens intensas, Zerbini amplia sua pesquisa além da tela, propondo um mergulho sensorial no cotidiano.

ELO3: arte como propósito e impacto social

À frente da mostra está a ELO3, empresa de Soraya Galgane e Fernanda Del Guerra. Criada para unir arte, cultura e impacto social, a ELO3 desenvolve projetos que aproximam o público de experiências transformadoras. Ao longo de mais de 14 anos, a Mostra 3M de Arte se tornou um modelo de como a cultura pode ser democratizada sem perder potência estética.

Mais do que fruição, o evento reafirma a importância de olhar para a arte como força de transformação social, conectando passado, presente e futuro por meio de vozes plurais. Assim, a Mostra 3M reafirma seu lugar como um dos eventos mais relevantes da arte contemporânea no Brasil.