Pentágono convoca reunião inédita com centenas de oficiais de alta patente sem revelar pauta

Foto: Reprodução Instagram

O Pentágono — agora oficialmente chamado de Departamento da Guerra — convocou para 30 de setembro uma reunião presencial que reunirá cerca de 800 oficiais de alta patente dos Estados Unidos e de bases no exterior. O encontro, a ser realizado em uma base militar no estado da Virgínia, não teve sua pauta divulgada, gerando preocupação e especulações entre os militares.

Segundo revelado pelo Washington Post e pelo New York Times, a convocação surpreendeu generais e almirantes, já que a tradição é discutir temas sensíveis por meio dos sistemas de comunicação segura do órgão. “As pessoas estão preocupadas, não têm ideia do que isso significa”, relatou um comandante ouvido pelo Post.

Incertezas e riscos estratégicos

O caráter presencial do evento foi considerado inusitado e arriscado por parte da cúpula militar, especialmente porque retira comandantes de seus postos em zonas estratégicas como Ásia e Oriente Médio. A possibilidade da presença do presidente Donald Trump adiciona outra camada de tensão.

“Estamos tirando todos os generais e oficiais do Pacífico agora? Tudo isso é estranho”, declarou outro oficial sob anonimato.

Mudanças profundas no Departamento da Guerra

A convocação ocorre em meio a transformações no órgão. Por ordem de Trump, o antigo Departamento de Defesa voltou a ser chamado de Departamento da Guerra. Desde maio, o secretário Pete Hegseth vem promovendo cortes expressivos, incluindo a redução de 20% no número de generais de quatro estrelas e a demissão de líderes de peso, como o chefe do Estado-Maior Charles Brown Jr. e a comandante da Marinha, Lisa Franchetti.

Além disso, foi estabelecido um corte de 10% nos quadros de generais e comandantes em diferentes forças, medida que centraliza ainda mais o poder de decisão sobre promoções nas mãos do secretário.

Expectativas para a reunião

Embora o Pentágono não tenha revelado o tema, analistas e militares acreditam que o encontro possa servir para detalhar a política de cortes de pessoal e gastos, ou ainda anunciar mudanças na estratégia de defesa nacional. Hegseth já defendeu que a prioridade das Forças Armadas deve ser a proteção do território americano e do Hemisfério Ocidental, reposicionando o foco que há anos está voltado para a China como principal ameaça.

Enquanto não há esclarecimentos oficiais, cresce a apreensão sobre os rumos da maior potência militar do planeta e os impactos que as decisões desta reunião poderão trazer para a segurança global.

 

Fonte: O Globo