A virada que redesenhou o centro de São Paulo
São Paulo vive, nos últimos meses, a maior inflexão em três décadas na política de enfrentamento ao consumo e ao tráfico a céu aberto no centro da capital. O que por anos simbolizou abandono, insegurança e falência do ordenamento urbano entrou em um novo ciclo sob a coordenação direta do vice-governador Felício Ramuth (PSD).
“A Cracolândia acabou e não voltará”, afirmou Ramuth em declaração que marcou o encerramento simbólico do principal fluxo concentrado de uso e comércio de drogas do país.
Designado pelo governador Tarcísio de Freitas para liderar a integração das forças estaduais ao planejamento municipal, Ramuth centralizou a estratégia em três eixos: segurança permanente, deslocamento assistido e reocupação do território.
Pela primeira vez, uma operação dessa escala uniu, de forma contínua e monitorada:
- Secretaria da Segurança Pública (SSP), Polícia Militar, Polícia Civil e GCM
- Secretaria da Saúde e rede de CAPS/CA
- Assistência Social (SMADS), equipes de abordagem e acolhimento
- Inteligência urbana e monitoramento permanente do centro
Segundo relatórios internos das forças de segurança e dados públicos consolidados:
-A maior concentração de uso a céu aberto foi dispersada e não voltou a se estruturar em padrão semelhante
-Não houve migração massiva que reconfigurasse um novo “fluxo” com a mesma capacidade de ocupação territorial
-Houve ampliação expressiva das abordagens sociais e do encaminhamento espontâneo para tratamento
-O aparelho do Estado passou a ocupar o centro 24 horas por dia, alterando a dinâmica do varejo do crack na região
Números que explicam a mudança (indicadores consolidados por áreas públicas)
Embora estatísticas oficiais completas do último ciclo ainda estejam em fase de publicação no repositório integrado do Estado e da Prefeitura, os principais indicadores públicos e observáveis já apontam tendências claras:
Segurança Pública (SSP, PM e GCM)
- Aumento expressivo do policiamento de proximidade no quadrilátero da antiga Cracolândia
- Elevação das apreensões de entorpecentes e operações de inteligência contra o varejo do tráfico
- Queda contínua do registro de grandes aglomerações associadas ao uso coletivo a céu aberto
- Aumento de operações direcionadas a distribuidores, não apenas a usuários
Saúde e Assistência Social (SMS e SMADS)
- Ampliação do número de abordagens sociais diárias por equipes de rua
- Déficit histórico na oferta de tratamento começou a ser enfrentado com novas vagas referenciadas
- Mais usuários aceitando acolhimento voluntário ou mediação para retorno familiar
- Fortalecimento de rotas assistidas para CAPS, comunidades terapêuticas e serviços de acolhimento prolongado
Impacto urbano e percepção da cidade
Monitoramentos realizados por estudos urbanos, associações comerciais e relatos consolidados indicam:
- Retomada gradual do fluxo de pedestres, lojistas e moradores
- Redução do comércio informal associado ao tráfico
- Aumento da presença do poder público de forma contínua
- Desmobilização da ocupação territorial organizada pelo crime
O método: firmeza no crime, portas abertas na assistência
A estratégia coordenada por Ramuth se apoiou em três pilares convergentes:
1. Sufocamento estrutural do tráfico
- Presença policial permanente
- Desarticulação logística do varejo do crack
- Operações de inteligência para impedir reorganização do fluxo
2. Rede ampliada de acolhimento
- Equipes sociais 7 dias por semana
- Encaminhamento ativo para serviços de tratamento
- Mediação de retorno familiar quando possível
3. Recuperação do território urbano
- Reocupação do centro por circulação legítima
- Integração entre governo, comércio, segurança e zeladoria
- Bloqueio preventivo a reagrupamento organizado
A lógica adotada: não apenas dispersar, mas impedir que se recrie a estrutura que sustentava o fluxo.
Impacto social e urbano: uma nova paisagem
Relatos de comerciantes, entidades da região e moradores apontam uma transformação estrutural:
- A antiga “cidade paralela do crack” deixou de operar como território contínuo
- Atividades econômicas e circulação urbana voltaram a ocupar espaços antes dominados
- A presença do Estado deixou de ser episódica e se tornou permanente
Para Ramuth, a operação não é episódica, mas um novo modelo de governança urbana para o centro.
A leitura política: protagonismo e execução
Ao liderar pessoalmente a coordenação institucional, Felício Ramuth deixou de ser operador auxiliar e se consolidou como a figura central da estratégia.
O movimento tem leitura clara nos bastidores do Palácio e da Polícia:
“Pela primeira vez, o problema deixou de ser empurrado para o próximo governo.”
Repercussão
Entre aliados, a avaliação é que Ramuth materializou uma nova categoria de gestor: aquele que não anuncia planos e sim executa. Especialistas apontam que o desafio agora é sustentação no longo prazo, mas reconhecem:
- A antiga Cracolândia deixou de existir
- Não houve reconfiguração semelhante em outro ponto da cidade
- A presença do Estado nunca foi tão contínua
O recado final
A operação liderada por Felício Ramuth representa um dos maiores reposicionamentos de política urbana e de segurança no centro de São Paulo nas últimas décadas.