Dólar dispara e atinge maior valor do ano após novos sinais de tensão no mercado

Dólar sobe para R$ 6,15 com tensão tarifária nos Estados Unidos
Foto: Reprodução / Agência Brasil

Dólar em alta, bolsa em queda e muitas dúvidas no ar. Foi assim que o mercado financeiro brasileiro reagiu nesta sexta-feira (30). Mesmo com a divulgação de um PIB acima do esperado, os investidores demonstraram cautela diante de fatores internos e externos que seguem pressionando a economia.

Moeda americana sobe e preocupa o mercado

Logo no início do dia, o dólar ultrapassou os R$ 5,70, com alta de 0,82%. Às 11h17, a moeda era negociada a R$ 5,7129, no maior patamar do ano. O movimento reflete o medo dos investidores diante de novas incertezas fiscais e do impacto do tarifaço nos Estados Unidos, que voltou a valer após decisão da Justiça americana.

Ao mesmo tempo, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, recuava quase 1%, chegando aos 137 mil pontos. A queda mostra que, apesar do crescimento econômico, há preocupações reais com o que vem pela frente.

PIB anima, mas não convence

O dado positivo veio com a divulgação do crescimento de 1,4% do PIB no primeiro trimestre de 2025. A alta mostra que a economia brasileira conseguiu crescer mesmo com juros altos e cenário externo conturbado. Parte desse desempenho se deve a uma safra agrícola recorde e ao mercado de trabalho ainda aquecido.

Porém, especialistas alertam que esse ritmo pode não se manter. Inflação alta, crédito caro e incertezas no orçamento tendem a frear o crescimento nos próximos meses.

IOF pressiona governo e abala confiança

Outro fator que pesou no humor do mercado foi o impasse sobre o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O governo quer manter a medida para reforçar o caixa, mas enfrenta resistência no Congresso. Já são mais de 20 propostas pedindo a suspensão do decreto.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirma que a revogação do aumento não está em discussão. Ele alerta que, sem os R$ 20 bilhões previstos com o IOF, será necessário fazer novos cortes no orçamento.

Do lado do setor financeiro, a opinião é clara: aumento de imposto não é o caminho ideal para buscar equilíbrio fiscal. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) defendeu medidas que não prejudiquem o ambiente de negócios.

Trump reacende guerra comercial

No cenário internacional, o destaque ficou por conta da volta das tarifas impostas por Donald Trump sobre importações. O Tribunal de Apelações dos EUA restabeleceu as medidas, revertendo decisão anterior que havia bloqueado os aumentos.

Para piorar, o ex-presidente americano acusou a China de violar o acordo comercial, reacendendo o temor de uma nova guerra tarifária. Esse conflito pode afetar o comércio global e gerar impactos diretos nos países emergentes, como o Brasil.