
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (21) que o governo brasileiro está lidando com responsabilidade diante da nova tarifa imposta pelos Estados Unidos. A partir de 1º de agosto, produtos importados do Brasil serão taxados em 50%. Para Haddad, a medida tem motivação política e não econômica.
“Trump não é um problema exclusivo do Brasil”, disse o ministro em entrevista à rádio CBN. Ele garantiu que a comunicação com o governo americano está acontecendo “como tem que ser”. Segundo ele, as tratativas seguem os canais diplomáticos e não devem se basear em tuítes ou reações precipitadas.
PIX na mira dos EUA
A investigação norte-americana sobre as práticas comerciais do Brasil citou a rua 25 de Março, em São Paulo, e o sistema de pagamentos PIX. Isso causou surpresa no governo brasileiro. “Ficamos mais espantados ainda com a citação ao PIX. Isso não tem nada a ver com comércio internacional”, afirmou Haddad.
Ele também criticou a possível influência de empresas de cartão de crédito na decisão americana. “Defender o cartão de crédito é como defender o telefone fixo contra o celular”, comparou. Para o ministro, esse tipo de resistência mostra o “grau de irracionalidade” que tomou conta do debate.
Governo mantém diálogo e descarta retaliação
Apesar da tensão, o governo Lula não pretende responder com sanções. Haddad afirmou que o Brasil continuará buscando o entendimento. “Não vamos pagar na mesma moeda. Estamos engajados em encontrar uma saída”, garantiu.
Segundo ele, o Brasil já realizou mais de dez reuniões com autoridades americanas só em 2025. Todos os encontros demonstraram abertura ao diálogo. Ele citou, por exemplo, a conversa com o secretário do Tesouro dos EUA, há dois meses.
Tarifa surpreendeu o governo
O ministro explicou que o governo já esperava algum tipo de pressão, especialmente por causa da atuação da família Bolsonaro. No entanto, o aumento repentino da tarifa surpreendeu. “A ideia inicial era reduzir a alíquota de 10%. De um dia para o outro, ela passou para 50%”, contou.
Haddad avalia que a relação entre Donald Trump e Jair Bolsonaro influenciou a decisão. Para ele, essa conexão pessoal pesou mais do que os fundamentos econômicos.
Relação com os EUA continua positiva
Mesmo com as divergências recentes, o ministro acredita que a parceria entre Brasil e Estados Unidos segue sólida. “Temos uma das relações mais amigáveis com os EUA no mundo”, disse. Segundo Haddad, o presidente Lula reforçou que o Brasil não fez nada que justifique as sanções.
“O governo não vai sair da mesa. Estamos comprometidos em buscar aproximação e fortalecer o diálogo entre os dois países”, concluiu.
Fonte: Globo