
O encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, reuniu-se nesta quarta-feira (23) com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) para expressar o interesse americano na aquisição de minerais críticos e estratégicos brasileiros, como lítio, nióbio e terras raras. A abordagem ocorre em meio a uma escalada de tensões comerciais entre os dois países.
Minerais valiosos em jogo
Escobar, principal representante dos EUA em Brasília no momento — já que a embaixada está sem embaixador —, ressaltou a importância desses minerais para a segurança econômica e tecnológica americana. Ele foi claro: os Estados Unidos querem ampliar o acesso às reservas brasileiras, que incluem 94% do nióbio e cerca de 19% das terras raras do planeta.
Decisão política, não empresarial
Segundo Raul Jungmann, presidente do Ibram, a resposta brasileira foi direta: qualquer negociação deve ser conduzida pelo governo federal, uma vez que esses minerais pertencem à União. O caso já foi levado ao vice-presidente Geraldo Alckmin, que lidera as tratativas com os EUA. A preocupação maior, no entanto, gira em torno da sobretaxa de 50% que os americanos prometem aplicar a produtos brasileiros já em agosto.
Geopolítica e pressão econômica
O movimento dos EUA tem um pano de fundo estratégico. Para o presidente Donald Trump, garantir o suprimento desses materiais é uma questão de segurança nacional. Em outras frentes, sua política tem sido agressiva — ele já pressionou a Ucrânia e tentou negociar a aquisição da Groenlândia.
Agora, o foco recai sobre o Brasil, segundo maior detentor global de terras raras. Só em Minas Gerais, onde está o Vale do Jequitinhonha, os investimentos em mineração ultrapassam os R$ 5 bilhões. No caso do lítio, a projeção de aportes até 2030 chega a R$ 15 bilhões.
Missão empresarial a caminho
O encontro entre Escobar e o Ibram deve ser o ponto de partida para novas movimentações. Uma missão empresarial brasileira está sendo preparada para viajar aos EUA entre setembro e outubro, com o objetivo de convencer importadores americanos a pressionar o governo por um acordo mais equilibrado.
Enquanto isso, o Brasil se vê em uma posição estratégica, com seus recursos naturais valorizados — mas também precisa equilibrar soberania, geopolítica e interesses comerciais em um cenário internacional cada vez mais disputado.
Fonte: O Globo