Tesouro dos EUA busca reunião com Haddad para discutir tarifas sobre exportações brasileiras

Governo brasileiro prepara pacote de ajuda a setores afetados pelo tarifaço anunciado por Donald Trump

Valter Campanato/Agência Brasil
Valter Campanato/Agência Brasil

A Secretaria do Tesouro dos Estados Unidos entrou em contato com o Ministério da Fazenda para agendar uma nova rodada de conversas sobre as tarifas de 50% impostas às exportações brasileiras pelo governo Trump. A informação foi confirmada nesta quinta-feira (31) pelo ministro Fernando Haddad, que classificou a medida como “injusta” e prometeu apoio a setores prejudicados.

“A assessoria do secretário [Scott] Bessent fez contato conosco ontem e vai agendar uma segunda conversa. A primeira foi em maio, na Califórnia. Haverá agora uma rodada de negociações, e vamos levar nosso ponto de vista às autoridades americanas”, afirmou Haddad.

Embora a medida tenha deixado cerca de 700 produtos brasileiros fora da lista, os impactos ainda são significativos. Segundo estimativas, 43% do valor total das exportações para os EUA ficaram isentos das novas tarifas. No setor mineral, aproximadamente 25% dos produtos foram atingidos pelo tarifaço.

Governo prepara plano emergencial para setores atingidos

O ministro reconheceu que, mesmo com algumas isenções, os efeitos são “dramáticos” em determinados segmentos. Por isso, o governo prepara um pacote de medidas emergenciais, que deve incluir linhas de crédito e apoio financeiro direto.

“Há casos dramáticos que precisam de atenção imediata. Vamos lançar parte do plano de apoio à indústria e à preservação de empregos nos próximos dias”, afirmou.

Haddad ressaltou que até mesmo setores com atuação global — como os de commodities — precisarão de tempo para redirecionar contratos e se adaptar ao novo cenário.

“Você não muda um contrato de uma hora para outra. Temos que analisar caso a caso e vamos oferecer linhas específicas para isso.”

O ministro também destacou a importância de proteger setores menores, que, embora tenham participação modesta nas exportações, são essenciais para a manutenção de empregos no país.

Política não entra na negociação, afirma Haddad

Ao ser questionado sobre a tentativa do governo Trump de pressionar o Brasil com base em temas internos, Haddad foi categórico: não há espaço para interferência política nas negociações comerciais.

“O Judiciário é um poder independente. A perseguição ao ministro Alexandre de Moraes não pode ser usada como moeda de troca. Isso não é caminho para aproximação entre os países”, afirmou.

Para o ministro, o Brasil deve reforçar sua imagem como uma democracia sólida e madura, em contraste com a narrativa apresentada pela ordem executiva do governo norte-americano.

 

Fonte: Agencia Brasil