Alexandre de Moraes decreta prisão de Jair Bolsonaro

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (04) a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A decisão foi motivada pelo descumprimento de medidas cautelares previamente impostas, segundo apontou Moraes.

Até então, Bolsonaro já cumpria restrições determinadas pelo próprio ministro. Entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno (das 19h às 6h) e aos fins de semana, além da proibição de sair do país.

Descumprimento ocorreu após participação em ato bolsonarista

O estopim da nova medida foi a participação remota de Bolsonaro, via telefone, em uma manifestação realizada no domingo (03), no Rio de Janeiro. A ligação foi transmitida durante o ato e compartilhada por seus filhos, os senadores Flávio Bolsonaro e Carlos Bolsonaro, nas redes sociais.

Na ocasião, o ex-presidente se encontrava em sua residência, em Brasília, justamente por força das medidas cautelares anteriores. Para Moraes, a atitude configura nova violação às restrições impostas pela Justiça.

Ministro critica postura de desrespeito à Justiça

Na decisão, Moraes reforçou o entendimento de que nenhum cidadão está acima da lei.

“A Justiça não permitirá que um réu faça de tola, achando que ficará impune por ter poder político e econômico. A Justiça é igual para todos. O réu que descumpre deliberadamente as medidas cautelares — pela segunda vez — deve sofrer as consequências”, afirmou o ministro do STF.

Proibições foram ampliadas e reforçadas

Com a nova decisão, Bolsonaro enfrentará regras ainda mais rígidas durante a prisão domiciliar. As determinações incluem:

  1. Proibição de visitas, exceto de advogados legalmente constituídos ou pessoas autorizadas pelo STF.
  2. Proibição de uso de celulares, de tirar fotos ou de fazer gravações durante visitas.
  3. Proibição de utilizar celular pessoalmente ou por meio de terceiros.
  4. Reafirmação da proibição de contato com embaixadores, autoridades estrangeiras e demais réus.
  5. Reforço à proibição de uso de redes sociais, seja direta ou indiretamente.

Moraes também determinou que qualquer descumprimento dessas condições implicará na revogação imediata da prisão domiciliar e decretação da prisão preventiva. A Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República (PGR) foram notificadas para garantir o cumprimento das ordens.

Proibição de redes sociais já estava em vigor

A restrição ao uso de redes sociais por parte do ex-presidente não é nova. Moraes havia determinado que Bolsonaro estava proibido de transmitir, retransmitir ou veicular qualquer conteúdo em plataformas digitais. Isso incluía entrevistas, áudios, vídeos ou transcrições — inclusive por meio de terceiros.

O objetivo da medida era evitar o uso de redes como ferramenta de mobilização política, principalmente em meio a investigações em curso.