
Um artigo publicado nesta sexta-feira (12) pelo jornal The New York Times destacou a postura do Brasil na defesa de suas instituições democráticas. O texto, assinado pelos professores Steven Levitsky (Harvard) e Filipe Campante (Johns Hopkins), afirma que o país conseguiu agir com firmeza onde os Estados Unidos fracassaram, ao condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.
Segundo os autores — também conhecidos pelo livro Como as Democracias Morrem —, o julgamento conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) mostrou que a democracia brasileira soube reagir às ameaças. Eles fazem um paralelo direto com o caso do ex-presidente norte-americano Donald Trump, que não reconheceu a derrota nas eleições de 2020 e estimulou a invasão do Capitólio em janeiro de 2021.
“Apesar de todas as suas falhas, a democracia brasileira é hoje mais saudável do que a americana. Em vez de minar os esforços do Brasil, os Estados Unidos deveriam aprender com eles”, escreveram os especialistas.
Instituições sob teste
O artigo ressalta que, ao contrário dos tribunais e do Senado norte-americano, que não responsabilizaram Trump, as instituições brasileiras reagiram de forma “vigorosa e eficaz” para impedir que Bolsonaro retornasse ao poder. Para os autores, essa atitude colocou o Brasil na mira de sanções e críticas vindas do atual governo Trump.
Eles lembram que a Polícia Federal reuniu “inúmeras evidências” da conspiração do ex-presidente e aliados militares para anular as eleições de 2022. A condenação, segundo o texto, representou um marco na responsabilização de líderes que atacam a ordem democrática.
Alerta sobre autoritarismo
O NYT também faz duras críticas ao atual governo Trump, classificado como “abertamente autoritário”. Segundo os professores, em menos de nove meses de mandato, o republicano já teria instrumentalizado agências governamentais para punir críticos, intimidar empresas, universidades, imprensa e sociedade civil.
Levitsky e Campante alertam que a democracia não se defende sozinha: é preciso ação constante dos líderes políticos. Eles comparam o momento atual à Europa das décadas de 1920 e 1930, quando a passividade diante do avanço do fascismo e do nazismo custou caro.
Lições do Brasil
Ao concluir, os especialistas defendem que a experiência brasileira deve servir de lição não apenas para os EUA, mas para outras democracias em crise. A mensagem central é clara: instituições fortes só existem quando há disposição real de defendê-las, mesmo diante de pressões internas e externas.
Fonte: Agencia Brasil