Empresas brasileiras já podem solicitar crédito do plano Brasil Soberano após tarifaço dos EUA

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Empresas exportadoras afetadas pelo tarifaço de até 50% imposto pelos Estados Unidos já podem acessar recursos do plano Brasil Soberano, lançado pelo governo federal para minimizar os impactos das barreiras comerciais. O pacote soma R$ 40 bilhões em linhas de crédito com juros subsidiados, conforme anunciou nesta quinta-feira (18) o BNDES.

Como funciona o crédito

Do total, R$ 30 bilhões vêm do Fundo Garantidor de Exportações (FGE) e R$ 10 bilhões do próprio BNDES. Os valores podem ser usados para capital de giro, como pagamento de salários e fornecedores, além de investimentos na adaptação da produção, compra de máquinas e abertura de novos mercados.

Segundo o presidente do banco, Aloizio Mercadante, a liberação dos recursos está condicionada à manutenção de empregos. “O BNDES vai socorrer todas as empresas, e a contrapartida é manter os empregos para a economia continuar crescendo”, afirmou.

A medida segue modelo semelhante ao adotado em 2024, quando o banco liberou R$ 29 bilhões para apoiar empresas atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul.

Quem pode acessar

R$ 30 bilhões (FGE): empresas de todos os portes que tenham pelo menos 5% do faturamento bruto, entre julho de 2024 e julho de 2025, composto por produtos atingidos pelo tarifaço.

R$ 10 bilhões (BNDES): disponíveis para empresas impactadas em qualquer nível no faturamento.

O processo começa com a consulta de elegibilidade no site do BNDES, mediante autenticação via GOV.BR com certificado digital. Empresas habilitadas devem procurar seus bancos de relacionamento; grandes companhias podem negociar diretamente com o BNDES.

Impacto do tarifaço

O aumento das tarifas, assinado por Donald Trump em ordem executiva válida desde 6 de agosto, afetou cerca de 36% das exportações brasileiras para os EUA. Um levantamento da Amcham Brasil mostra que as vendas externas dos produtos atingidos caíram 22,4% em agosto, em relação ao mesmo mês de 2024.

Embora os EUA tenham incluído quase 700 produtos na lista de exceções — como suco de laranja, fertilizantes, aeronaves e celulose — o impacto foi imediato em setores estratégicos.

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Trump justificou a medida alegando déficit na balança com o Brasil, argumento desmentido por dados oficiais. Ele também citou, como motivação política, o tratamento dado pelo governo brasileiro ao ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado recentemente pelo STF por tentativa de golpe de Estado.

Fonte: Agencia Brasil