As delegações do Brasil e dos Estados Unidos deram início, nesta segunda-feira (27), em Kuala Lumpur, na Malásia, à primeira rodada de negociações para discutir a tarifa adicional de 50% imposta pelo governo Donald Trump a diversos produtos brasileiros. O encontro marca a continuidade do diálogo aberto no domingo, quando os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Trump se reuniram na capital malaia para tentar destravar o impasse comercial.
O governo brasileiro busca a revogação completa das tarifas, consideradas um obstáculo significativo às exportações nacionais. Segundo fontes do Itamaraty, a reunião foi produtiva e estabeleceu as bases de um cronograma de negociações bilaterais, que deve incluir diferentes setores impactados pelas medidas.
O chanceler Mauro Vieira, que lidera a comitiva brasileira, afirmou que a prioridade é negociar a retirada das taxas adicionais e, enquanto isso, pleitear a suspensão temporária da cobrança. “Esperamos concluir em poucas semanas um acordo que contemple todos os setores afetados. O presidente Lula está disposto a discutir amplamente temas de comércio e também a cooperação em áreas estratégicas, como minerais críticos e terras raras”, declarou Vieira.
Após o encontro com Lula, Trump elogiou o líder brasileiro, chamando-o de “muito vigoroso e impressionante”, e aproveitou para felicitá-lo pelo aniversário de 80 anos. O republicano, no entanto, evitou se comprometer com uma revisão imediata da tarifa. “Tivemos uma ótima conversa, vamos ver o que acontece. Eles querem um acordo, e nós também queremos ver o que é possível fazer”, afirmou o presidente norte-americano a jornalistas durante voo para o Japão.
Lula, por sua vez, demonstrou otimismo quanto ao avanço das conversas. “Acho que vamos fazer um bom acordo. Sempre que for necessário, vou ligar para o presidente Trump para seguir com as tratativas”, disse. Segundo interlocutores, a boa relação pessoal entre os dois líderes tem sido vista como um fator que pode facilitar a negociação.
Ainda não há previsão para a suspensão das tarifas, mas as equipes técnicas devem se reunir novamente nas próximas semanas. A expectativa é que os encontros ocorram de forma alternada entre os dois países, até que seja firmado um entendimento capaz de restaurar o fluxo comercial e reduzir tensões entre Brasília e Washington.