Governo confirma salário mínimo de R$ 1.621 para 2026

Reajuste combina inflação e crescimento do PIB, mas segue limite do novo arcabouço fiscal

Foto: Marcello Casal Jr

O Ministério do Planejamento e Orçamento confirmou nesta quarta-feira (10) que o salário mínimo será de R$ 1.621 em 2026, um aumento de R$ 103 em relação aos atuais R$ 1.518. O reajuste, de 6,79%, passa a valer em janeiro e será recebido pelos trabalhadores em fevereiro.

A estimativa já havia sido antecipada pelo g1 mais cedo, mas agora está oficialmente confirmada pelo governo.

Como o reajuste foi calculado

O valor do salário mínimo segue a fórmula adotada pela política de correção que combina dois indicadores:

  • inflação medida pelo INPC em 12 meses até novembro;
  • crescimento real do PIB de dois anos antes — neste caso, o PIB de 2024, que cresceu 3,4%.

Entretanto, a lei aprovada em dezembro do ano passado determina que o aumento real do salário mínimo não pode ultrapassar 2,5%, por causa do teto estabelecido pelo novo arcabouço fiscal.

Assim, para 2026, o reajuste resulta de:

  • 4,4% de inflação, conforme o IBGE divulgou nesta quarta-feira;
  • 2,5% de ganho real, limitado pela nova regra fiscal.
  • Salário mínimo impacta quase 60 milhões de pessoas
  • Segundo o Dieese, 59,9 milhões de brasileiros usam o salário mínimo como referência. O piso influencia:
  • trabalhadores formais que ganham o mínimo ou múltiplos dele;
  • aposentadorias e pensões;
  • benefícios como o BPC;
  • cálculos indiretos, como o salário médio e o poder de compra no país.

Desse modo, o reajuste afeta não apenas rendas individuais, mas toda a dinâmica econômica.

Reajuste pressiona as contas públicas

O aumento do salário mínimo também eleva os gastos obrigatórios do governo federal, já que diversos benefícios não podem ficar abaixo do piso nacional.

O Ministério do Planejamento calcula que:

  • cada R$ 1 de aumento no mínimo gera uma despesa adicional de R$ 420 milhões em 2026;
  • o acréscimo de R$ 103 previsto para o próximo ano representa cerca de R$ 43,2 bilhões a mais em despesas obrigatórias.

Como consequência, haverá menos recursos para gastos discricionários, que incluem políticas públicas, investimentos e programas governamentais.

Diante desse cenário, alguns economistas defendem a desvinculação do piso previdenciário do salário mínimo — permitindo reajustes apenas pela inflação — como forma de conter o crescimento da dívida pública e dos juros na economia.

Quanto deveria ser o salário mínimo ideal?

O Dieese também calculou o chamado salário mínimo necessário, indicador que estima o valor suficiente para sustentar uma família de quatro pessoas. Em novembro deste ano, esse piso ideal deveria ter sido de R$ 7.067,18, o equivalente a 4,66 vezes o salário mínimo vigente de R$ 1.518.

O cálculo segue o preceito constitucional que garante que o salário mínimo deve cobrir gastos com:

  • alimentação
  • moradia
  • saúde
  • educação
  • vestuário
  • higiene
  • transporte
  • lazer
  • previdência

Fonte: G1/Globo