Alckmin diz que decisão de Moraes sobre Bolsonaro não afeta negociações comerciais com os EUA

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou nesta sexta-feira (18) que a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de impor medidas restritivas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, não deve impactar as negociações entre Brasil e Estados Unidos em torno da possível elevação tarifária anunciada pelo governo Donald Trump.

Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, destacou a separação entre os Poderes como pilar do Estado Democrático de Direito, reforçando que decisões do Judiciário não interferem nas relações diplomáticas ou comerciais conduzidas pelo Executivo.

“A separação dos Poderes é a base do Estado, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Os poderes são independentes. Não há relação entre uma questão política ou jurídica e a tarifária”, declarou.

Reação do governo brasileiro ao tarifaço

A declaração foi dada após Alckmin participar de uma reunião com representantes dos setores de mineração e energia, que estão entre os mais afetados pela ameaça tarifária americana. O governo de Trump anunciou a possibilidade de aumentar para 50% as tarifas sobre produtos brasileiros exportados aos EUA a partir de 1º de agosto.

Alckmin reiterou que o governo brasileiro mantém o foco no diálogo e na diplomacia comercial como caminho preferencial, embora não descarte uma reação formal junto à Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo ele, qualquer recurso internacional dependerá da efetivação do aumento das tarifas.

“Você só pode entrar na OMC com um fato concreto. O primeiro passo são as consultas, e isso só acontece após a imposição oficial das tarifas”, explicou.

O vice-presidente também afirmou que, até o momento, os EUA não responderam à carta oficial enviada pelo governo brasileiro solicitando a suspensão do tarifaço.

Medidas contra Bolsonaro não influenciam comércio exterior

A declaração de Alckmin sobre a decisão do STF responde ao temor de que as medidas judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro — como o uso de tornozeleira eletrônica, restrição ao uso de redes sociais, toque de recolher noturno e nos fins de semana, e proibição de contato com embaixadas — pudessem ser interpretadas como perseguição política, prejudicando a imagem internacional do Brasil.

No entanto, Alckmin descartou essa possibilidade e preferiu não comentar diretamente sobre a situação de Bolsonaro, afirmando que se trata de uma competência exclusiva do Judiciário.

Articulação com o setor privado

Como coordenador do comitê interministerial que analisa a resposta brasileira à possível tarifação, Alckmin tem promovido encontros com empresários de setores estratégicos. As reuniões servem para fortalecer os argumentos técnicos e econômicos do Brasil nas tratativas com os EUA.

“Estamos trabalhando para transformar um cenário de perde-perde em um de ganha-ganha. Brasil e Estados Unidos são os dois maiores mercados das Américas. Queremos ampliar o comércio e os investimentos”, afirmou.

Alckmin também destacou que os EUA possuem atualmente superávit comercial com o setor de mineração brasileiro, o que enfraqueceria os argumentos para a imposição das tarifas.

União em defesa da soberania

Por fim, o vice-presidente afirmou que o governo e o setor privado estão alinhados em torno da defesa dos interesses nacionais. Ele classificou o aumento de tarifas como um retrocesso econômico para os dois países e reiterou que a soberania brasileira é inegociável.

“Colhemos uma união nacional em torno da soberania do Brasil. Esse aumento de tarifas seria ruim para todos”, concluiu.

A expectativa do governo é seguir buscando uma solução negociada que evite a escalada de tensões comerciais com os Estados Unidos, mantendo abertas as portas para cooperação econômica.

 

Fonte: Agencia Brasil