Relatório do governo do RJ ao STF traz números divergentes sobre operação com 121 mortos

Cláudio Castro || Créditos: Alan Santos/PR

O governo do Rio de Janeiro enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um relatório com dados atualizados sobre a megaoperação realizada nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte, e os números divergem das informações divulgadas inicialmente. O documento, assinado pelo governador Cláudio Castro, foi entregue nesta segunda-feira (17) em resposta a solicitações do ministro Alexandre de Moraes.

De acordo com o relatório, a operação resultou em 100 prisões — 17 de pessoas com mandado em aberto e 83 em flagrante — e na apreensão de 96 fuzis. O balanço difere dos dados fornecidos pela Secretaria de Segurança Pública e por outros órgãos, como o Ministério Público, o que levou Moraes a pedir esclarecimentos adicionais. A ação terminou com 121 suspeitos mortos.

O ministro já havia apontado inconsistências no primeiro conjunto de informações remetido pelo estado e determinou o envio de documentos complementares no âmbito da ADPF das Favelas, processo que estabelece parâmetros para operações policiais em comunidades do Rio. Ele solicitou relatórios de inteligência, laudos produzidos após as mortes, dados que embasaram os mandados contra integrantes do Comando Vermelho e a preservação das imagens das câmeras corporais usadas pelos agentes.

Na nova resposta, o governo informou que 60 policiais civis da Core estavam com câmeras no dia da operação, mas que 32 equipamentos apresentaram falhas. Segundo o estado, a empresa responsável pelo sistema identificou a inoperância desses dispositivos. A Polícia Militar afirmou ter determinado a preservação das imagens disponíveis. Castro declarou que todo o material solicitado foi encaminhado em formato digital.

A decisão da ADPF das Favelas, julgada em abril, obriga o governo fluminense a seguir um protocolo específico para ações desse tipo, com foco na proteção de direitos humanos. Castro disse que o plano previsto será entregue no prazo estabelecido: “O plano será entregue no dia 20, conforme o cronograma”.

No despacho do dia 10, Moraes reiterou a necessidade de preservar todos os elementos materiais da operação — perícias, registros de cadeia de custódia e demais documentos — para garantir o controle e a fiscalização da atuação policial, com acesso assegurado à Defensoria Pública do Estado. O ministro também cobrou explicações detalhadas sobre o processo que levou às 121 mortes e o cumprimento dos mandados relacionados aos 51 réus da 42ª Vara Criminal.